O meu fascínio pelas aves em geral, começou na minha infância e adolescência tendo mesmo reproduzido em cativeiro algumas aves silvestres, como a trepadeira azul (sitta europea) e o chapim real (parus major); sucesso este muito difícil de conseguir; pois tratando-se de aves insectívoras, as dificuldades são sempre acrescidas. O meu primeiro contacto com aves de presa, deu-se também na minha juventude, numa localidade Beirã, chamada Freixinho, onde tive oportunidade de começar a entender que estas aves podem ser treinadas para caçar; mais tarde, no período de 1972-1974, na Guiné tive oportunidade de tratar de um Bufo Africano (Bubo africanus) que me entregaram ferido e depois de o recuperar, efectuei alguns treinos com o objectivo de o muscular antes da sua libertação. Em 1979, após concluir a minha licenciatura em Psicologia, comecei a interessar-me pelo comportamento das aves de presa, tendo participado em seminários e cursos de pós graduação na área da Etologia.
A partir desta altura comecei a trabalhar voluntariamente na Recuperação de Aves de Presa através do Grupo de Trabalho Mundial de Aves de Rapina (WWGBP) e da AÇOR- Associação Científica para a Conservação das Aves de Rapina, da qual fui dirigente.
A partir de 1983 comecei a dar os meus primeiros passos na Reprodução em Cativeiro de Aves de presa, fundando o CENTRO FALCO – Associação Científica para a Reprodução de Aves de presa, desempenhando a função de Presidente e alcançando os meus primeiros sucessos na reprodução destas aves, primeiramente numa perspectiva essencialmente conservacionista, reintrodução e reforço populacional de espécies, posteriormente também numa perspectiva de lazer, produzir aves para a prática da falcoaria para uso pessoal e de outros associados do Centro Falco.
A partir de 1995 os objectivos da Reprodução em cativeiro centraram-se essencialmente na produção de aves para o Controlo de Fauna dos Aeroportos de Lisboa e Faro, nos quais desempenhei as funções de Responsável pelo Controlo de Fauna durante onze anos e mais recentemente, a partir de 2008, os objectivos da produção de aves de presa adaptaram-se essencialmente aos seguintes objectivos:
Ao longo de todos estes anos, embora com algumas interrupções, tive como desporto de eleição a falcoaria, praticada quase sempre com aves que fui produzindo.
O meu sucesso na reprodução abarca um número significativo de espécies e várias subespécies, das quais destaco:
Aves de Presa noturnas: Coruja das Torres (tyto alba), Coruja do Mato (strix aluco), Mocho galego (athene noctua), Bufo real (bubo bubo), Bufo de Orelhas (asio otus) e Bufo Nirval (nictea scandiaca).
Águias: Águia real (aquila chrysaetus) e Águia calçada (hieraaetus pennatus)
Accipiteres: Açor (accipiter gentilis) e Gavião (accipiter nisus).
Falcões: Peneireiro (falco tinunculus), Lagar (falco jugger), Lanário (falco biarmicus), Sacre (falco cherrug), Gerifalte (falco rusticolus), Peregrino Ibérico (falco peregrinus brookei), Peregrino escocês (falco.peregrinus peregrinus), Peregrino pealei (falco.peregrinus pealei) Tagarote (falco pelegrinoides pelegrinoides), Shain (falco pelegrinoides babylonicus), Peregrino africano (falco peregrinus minor) e hibrídos destas espécies.
Outros: Águia de asa redonda (buteo buteo) , Harris (parabuteo unicinctus), Milhafre preto (milvus migrans) e Milhafre real (milvus milvus).